UMA PRAIA PENDURADA

No Monumento Natural de Montedor podemos observar os testemunhos da ação erosiva do atlântico sobre as rochas, durante o último interglaciário há 130 a 115 mil anos (período do Eemiano).

Esses registos ocorrem sob a forma de superfícies polidas, ligeiramente rampeadas em direção ao oceano e invariavelmente entre as altitudes de 2 a 3,5 m e 4,5 a 5,5 m acima do nível do mar atual. À mesma altitude dessas plataformas conservam-se depressões escavadas nos granitos, as marmitas, com origem na conjugação da força cinética das ondas com os seixos e blocos que ali se encontram. O movimento de circulação destes sedimentos origina com o tempo o aprofundamento e alargamento destas estruturas.

Nos corredores que isolaram a superfície eemiana em diversas plataformas, o jato de rebentação imprimiu um escavamento nessas paredes, tornando-as côncavas, pelo que essas geoformas – sapas ou entalhes basais – são excelentes marcadores da existência e posição dos níveis marinhos. A origem marinha dessas plataformas é também confirmada pela existência de icnofósseis como as cavidades de habitação de ouriços-do-mar como o Paracentrotus lividus (Carvalhido, 2012, 2014a,b).


Referências Bibliográficas:

Carvalhido (2012). O Litoral Norte de Portugal (Minho-Neiva): evolução paleoambiental quaternária e proposta de conservação do património geomorfológico. Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, 564 p.

Carvalhido, R.; Brilha, J. & Pereira, D. (2014a) – Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo: processo de classificação e estratégias de valorização. Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial III, 1219–1223.

Carvalhido, Ricardo (2014b). Processo de classificação dos 5 Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo. Memória Descritiva. Câmara Municipal de Viana do Castelo.

No Monumento Natural de Montedor podemos observar os testemunhos da ação erosiva do atlântico sobre as rochas, durante o último interglaciário há 130 a 115 mil anos (período do Eemiano).

Esses registos ocorrem sob a forma de superfícies polidas, ligeiramente rampeadas em direção ao oceano e invariavelmente entre as altitudes de 2 a 3,5 m e 4,5 a 5,5 m acima do nível do mar atual. À mesma altitude dessas plataformas conservam-se depressões escavadas nos granitos, as marmitas, com origem na conjugação da força cinética das ondas com os seixos e blocos que ali se encontram. O movimento de circulação destes sedimentos origina com o tempo o aprofundamento e alargamento destas estruturas.

Nos corredores que isolaram a superfície eemiana em diversas plataformas, o jato de rebentação imprimiu um escavamento nessas paredes, tornando-as côncavas, pelo que essas geoformas – sapas ou entalhes basais – são excelentes marcadores da existência e posição dos níveis marinhos. A origem marinha dessas plataformas é também confirmada pela existência de icnofósseis como as cavidades de habitação de ouriços-do-mar como o Paracentrotus lividus (Carvalhido, 2012, 2014a,b).


Referências Bibliográficas:

Carvalhido (2012). O Litoral Norte de Portugal (Minho-Neiva): evolução paleoambiental quaternária e proposta de conservação do património geomorfológico. Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, 564 p.

Carvalhido, R.; Brilha, J. & Pereira, D. (2014a) – Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo: processo de classificação e estratégias de valorização. Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial III, 1219–1223.

Carvalhido, Ricardo (2014b). Processo de classificação dos 5 Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo. Memória Descritiva. Câmara Municipal de Viana do Castelo.

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Localização

Praia de Fornelos, Carreço

Coordenadas

Lat: 41,7470185

Long: -8,8768017

Legenda
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Ponto de interesse

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UMA PRAIA PENDURADA

O conhecimento do padrão das marés é essencial para a compreensão, análise e interpretação das plataformas costeiras, uma vez que e segundo Trenhaile (1997), o pico da ação erosiva corresponde à cota mais frequentemente ocupada pelo plano de água. A amplitude da maré está essencialmente associada a: 1) fatores astronómicos, relacionados com a posição relativa entre a Lua, a Terra e o Sol; 2) fatores meteorológicos, essencialmente a intensidade e direção dos ventos; 3) flutuações na pressão atmosférica e 4) fatores geomorfológicos, associados à forma das bacias (Pugh, 1996). As amplitudes mais elevadas das marés estão associadas essencialmente aos fenómenos de conjugação entre os três astros (maré de sizígia - águas vivas) e oposição (águas mortas), decorrentes das quadraturas (Quarto Crescente e Quarto Minguante) e ampliadas nos períodos próximos aos equinócios.

Segundo Araújo & Gomes (2009), o desenvolvimento das plataformas costeiras mostra boa correlação com as cotas médias aferidas para a baixa-mar e um pouco acima das aferidas para a preia-mar. A identificação do escalonamento das plataformas costeiras de Viana do Castelo foi possível através da cartografia de pormenor dos alinhamentos estruturais e das geoformas de hidrodinâmica nomeadamente as marmitas e as formas de entalhe basal (sapas ou notches).

Referências e artigos científicos

Araújo, M. A. & Gomes, A. (2009). The use of the GPS in the identification of fossil shore platforms and its tectonic deformation: an example from the Northern Portuguese coast. Journal of Coastal Research, SI 56 (Proceedings of the 10th International Coastal Symposium). Lisbon, Portugal.

Carvalhido, R. (2012). O Litoral Norte de Portugal (Minho-Neiva): evolução paleoambiental quaternária e proposta de conservação do património geomorfológico. Universidade do Minho.

Pugh, D. (1996). Tides, Surges and Mean Sea-Level. John Wiley and Sons Ltd, Chichester, UK.

Trenhaile, A. (1997). Coastal Dynamics and Landforms. Oxford University Press, Oxford UK, 366 pp.

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