UMA ESCADARIA DE GIGANTES

Nos últimos 2.6 milhões de anos são conhecidos mais de 20 ciclos climáticos, cada um correspondente a um período quente (interglaciário) ao qual se sucede um longo período de arrefecimento que culmina com uma glaciação. Aos períodos glaciares correspondem baixos níveis marinhos, resultado da retenção de água nos polos terrestres. Pelo contrário, os períodos interglaciários correspondem a níveis marinhos mais elevados, normalmente próximos aos valores atuais. A evolução climática é fortemente dependente de fatores como os orbitais (com longos períodos de evolução) e os de irradiação solar ou os relacionados com a circulação oceânica (com maior frequência).

As plataformas costeiras resultam de sucessivos episódios de modelação marinha e levantamento tectónico. Quando o nível do mar permanece na mesma posição relativa em relação a uma massa rochosa, a intensa atividade das ondas origina uma superfície planar em resultado desse desgaste e alteração química. A sua preservação é possível devido à descida do nível do mar, que a liberta da força mecânica das ondas e à atividade sísmica que normalmente origina o seu levantamento.

O substrato granítico que compõe este Monumento Natural, corresponde a uma rocha mais resistente aos processos de meteorização e erosão, preservando traços de escalonamento da sua paisagem costeira.

Atualmente identificam-se quatro níveis de plataformas costeiras acima da atual, a plataforma dos 18 m (I), dos 13 m (II), dos 8 m (III) dos 5 m (IV). Com base nos estudos realizados na região, considera-se que correspondam aos sucessivos interglaciários que são conhecidos entre a atualidade e há 410 mil anos (Carvalhido, 2012, 2014a,b,c,d).


Referências Bibliográficas:

Carvalhido (2012). O Litoral Norte de Portugal (Minho-Neiva): evolução paleoambiental quaternária e proposta de conservação do património geomorfológico. Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, 564 p.

Carvalhido, R.; Pereira, D. & Cunha, P. (2014a) – Depósitos costeiros quaternários do noroeste de Portugal (Minho - Neiva): caracterização datação e interpretação paleoambiental. Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial II, 605–609.

Carvalhido, R.; Brilha, J. & Pereira, D. (2014b) – Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo: processo de classificação e estratégias de valorização. Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial III, 1219–1223.

Carvalhido, R.; Pereira, D; Cunha, P.; Buylaert, J. & Murray, A. (2014c) Characterization and dating of coastal deposits of NW Portugal (Minho-Neiva area): a record of climate, eustasy and crustal uplift during the Quaternary. Quat Int, 328-329: 94–106

Carvalhido, Ricardo (2014d). Processo de classificação dos 5 Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo. Memória Descritiva. Câmara Municipal de Viana do Castelo.

Nos últimos 2.6 milhões de anos são conhecidos mais de 20 ciclos climáticos, cada um correspondente a um período quente (interglaciário) ao qual se sucede um longo período de arrefecimento que culmina com uma glaciação. Aos períodos glaciares correspondem baixos níveis marinhos, resultado da retenção de água nos polos terrestres. Pelo contrário, os períodos interglaciários correspondem a níveis marinhos mais elevados, normalmente próximos aos valores atuais. A evolução climática é fortemente dependente de fatores como os orbitais (com longos períodos de evolução) e os de irradiação solar ou os relacionados com a circulação oceânica (com maior frequência).

As plataformas costeiras resultam de sucessivos episódios de modelação marinha e levantamento tectónico. Quando o nível do mar permanece na mesma posição relativa em relação a uma massa rochosa, a intensa atividade das ondas origina uma superfície planar em resultado desse desgaste e alteração química. A sua preservação é possível devido à descida do nível do mar, que a liberta da força mecânica das ondas e à atividade sísmica que normalmente origina o seu levantamento.

O substrato granítico que compõe este Monumento Natural, corresponde a uma rocha mais resistente aos processos de meteorização e erosão, preservando traços de escalonamento da sua paisagem costeira.

Atualmente identificam-se quatro níveis de plataformas costeiras acima da atual, a plataforma dos 18 m (I), dos 13 m (II), dos 8 m (III) dos 5 m (IV). Com base nos estudos realizados na região, considera-se que correspondam aos sucessivos interglaciários que são conhecidos entre a atualidade e há 410 mil anos (Carvalhido, 2012, 2014a,b,c,d).


Referências Bibliográficas:

Carvalhido (2012). O Litoral Norte de Portugal (Minho-Neiva): evolução paleoambiental quaternária e proposta de conservação do património geomorfológico. Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, 564 p.

Carvalhido, R.; Pereira, D. & Cunha, P. (2014a) – Depósitos costeiros quaternários do noroeste de Portugal (Minho - Neiva): caracterização datação e interpretação paleoambiental. Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial II, 605–609.

Carvalhido, R.; Brilha, J. & Pereira, D. (2014b) – Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo: processo de classificação e estratégias de valorização. Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial III, 1219–1223.

Carvalhido, R.; Pereira, D; Cunha, P.; Buylaert, J. & Murray, A. (2014c) Characterization and dating of coastal deposits of NW Portugal (Minho-Neiva area): a record of climate, eustasy and crustal uplift during the Quaternary. Quat Int, 328-329: 94–106

Carvalhido, Ricardo (2014d). Processo de classificação dos 5 Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo. Memória Descritiva. Câmara Municipal de Viana do Castelo.

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UMA ESCADARIA DE GIGANTES

A variabilidade climática foi um facto ao longo do tempo geológico, reconhecendo-se a alternância entre períodos glaciários e interglaciários desde o Pré-câmbrico. A glaciação do Paleozóico superior, decorrida entre o Carbónico e o Pérmico terá sido a mais extensa dos últimos 540 Ma, admitindo-se que a massa de gelo possa ter coberto, segundo dados de Horton & Poulsen (2009), a área correspondente entre o Pólo Sul e a atual latitude de Buenos Aires (≈35ºS), provocando um ajustamento eustático de aproximadamente -100 m, tendo por referência o nível atual. Durante o Meso-Cenozóico reconhecem-se mais de 28 perturbações do registo geológico induzidas por variações globais do nível do mar (Vail et al., 1980).

A compreensão e previsibilidade do fenómeno dos ciclos glaciários foi ampliada a partir do início do século passado com a contribuição de Milankovitch, cujos estudos demonstraram a influência de fatores astronómicos, nomeadamente a geometria orbital do planeta, de comportamento cíclico, no clima global do planeta. Hays et al. (1976) afirmam que a geometria orbital do planeta é a causa fundamental para a sucessão de glaciações durante o Quaternário, uma vez que afeta a quantidade de radiação recebida pela superfície terrestre, induzindo oscilações glacioeustáticas.

Referências e artigos científicos

Carvalhido, R. (2012). O Litoral Norte de Portugal (Minho-Neiva): evolução paleoambiental quaternária e proposta de conservação do património geomorfológico. Universidade do Minho.

Hays, J.; Imbrie, J. & Shackleton, N. (1976). Variations in the Earth’s orbit: Pacemaker of the ice ages. Science, 194(4270), 1121–1132.

Horton, D. & Poulsen, C. (2009). Paradox of late Paleozoic glacioeustasy. Geology, 37, 715-718, doi: 10.1130/G30016A.1.

Vail, P.; Mitchum, R.; Shipley, T. & Buffler, R. (1980). Unconformities of the North Atlantic. Philosophical Transactions of the Royal Society in London, A294 (1980), pp. 137–155.

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