Segundo Carvalhido (2008) os principais traços distintivos da paisagem do MNL do Canto Marinho, de média escala, como as bolas graníticas, e de pormenor, como as variedades mineralógicas ou as dobras, devem-se às primeiras etapas do fecho do oceano primitivo, o Rheic (os registos da sua biodiversidade e dinâmica podem ser compreendidos no MNL Pedras Ruivas), iniciado há cerca de 400 milhões de anos.
As crenulações e dobras, também em baínha, que dão um ondulado sinuoso às rochas amarelo esbranquiçadas que compõem grande parte do substrato local (quartzito) foram geradas nos terrenos de margem, logo na primeira fase de colisão dos continentes primitivos, por encurtamento do espaço, aquecimento e arrasto.
Com os novos impulsos, o amalgamento originou fusão de rochas e formação de magma cujo arrefecimento, a vários quilómetros de profundidade, originou os granitos que compõem atualmente a serra de Sta. Luzia e Arga, mas também a elevação das colinas costeiras de Montedor e da Gelfa.
Migrando como balões de ar quente por entre os quartzitos, gotas gigantes de magma fluíram da câmara magmática principal que deu origem a Montedor (MNL Alcantilado de Montedor), e por entre fraturas consolidaram aqui, a cerca de 700 m.
Após cerca de 300 milhões de anos de processos erosivos e o levantamento tectónico, observam-se os minerais testemunho do contacto quente do magma (metamorfismo de contacto) como a granada e a estaurolite, e as bolas de granito, algumas com mais de 10 toneladas, que chegaram a ser interpretadas como um depósito (tsunamito) gerado pelo tsunami mais antigo de que há registo nos catálogos sísmicos portugueses, de 66 a.c. (Baptista & Miranda, 2009).
Referências Bibliográficas:
Baptista, M. & Miranda J. (2009). Revision of the Portuguese catalog of tsunamis. Natural Hazards and Earth System Sciences, 9, pp. 25-42
Carvalhido (2018). Livro de Pedra, Monumentos Naturais Locais de Viana do Castelo – Catálogo. Câmara Municipal de Viana do Castelo, 2ª edição