O valor funcional da geodiversidade: o exemplo dos moinhos de água

As Cascatas do Poço Negro são uma sucessão de quedas de água situadas na Ribeira do Pêgo. Devido ao elevado declive deste troço da ribeira, foram construídos mais de 60 moinhos cujas ruínas podem ser visitadas neste Monumento Natural Local.

O aproveitamento da energia gerada pelo vento ou pela água como força motriz em moinhos teve durante muito tempo um papel fundamental e estruturante na vida das comunidades rurais. O termo moinho abrange realidades muito diversas que se traduzem não só no tipo de energia utilizada – eólica ou hidráulica - como no modo como essa energia é utilizada, circunstância que se reflete na arquitetura e no regime de propriedade e de utilização adotados.

No Alto Minho, encontramos principalmente moinhos de água, se bem que não possamos esquecer a presença mais pontual dos moinhos de vento, presentes no litoral entre Viana do Castelo e Esposende. Contudo, a elevada precipitação e o relevo acidentado da região criaram condições mais favoráveis para a instalação de moinhos alimentados por cursos de água (Figs. 1 e 2).

Em algumas circunstâncias constituíram-se mesmo pequenas unidades semi-industriais com assumida lógica comercial e uma oferta variada de serviços que ia desde a moagem de cereais, serração de madeiras e maceração do linho, à própria travessia do rio. Isto permitia abrir o mercado à margem oposta, para além de transformar o local num ponto de passagem obrigatória no quotidiano da comunidade, combatendo assim o isolamento das povoações.

O moinho de água ou azenha pode apresentar diversas formas que, todavia, se enquadram em dois grandes tipos: de roda vertical, exterior ao edifício, geralmente situados em zonas de planície, e de roda horizontal ou rodízio, no interior do edifício, sendo preferidos nas zonas de montanha.

As azenhas de roda exterior vertical são edifícios de grandes dimensões em alvenaria que podem ser rebocados e caiados e com telhado de duas águas. Localizam-se nas margens do curso final dos rios de maior caudal, onde o terreno é mais plano. A água do rio é represada por um açude de pedra solta que a armazena e permite a sua condução para uma comporta, que tanto pode ser uma pequena levada como uma simples abertura. Esta última dirige a água de modo a bater nas pás da roda do moinho no ponto que vai obrigar a roda a mover-se e, com ela, todo o mecanismo que transmite essa rotação à mó (Fig. 3).

A levada é um elemento fundamental no funcionamento do moinho: é um canal que desvia a água do seu leito e a conduz até ao moinho, de onde, depois de fazer mover o rodízio, regressa ao seu curso normal ou vai alimentar outros moinhos ou ainda seguir para jusante (Fig. 4).

O processo de moagem é feito pela fricção do cereal em grão entre duas superfícies duras, as mós, que o desfazem e transformam em farinha. O moinho introduz assim neste processo o aproveitamento da energia da água ou do vento em substituição da força muscular, permitindo assim a existência de um movimento giratório contínuo (Fig. 5).

Nas cascatas do Poço Negro, estamos na presença de azenhas de roda horizontal instaladas em pequenos edifícios cobertos por um telhado de uma só água (esq. A). Aqui, a pequena dimensão destas azenhas está muito ligada aos condicionalismos do local onde estão implantadas, que são frequentemente zonas de relevo acentuado nas quais as águas correm em pequenos cursos com grandes desníveis e onde é difícil encontrar terrenos disponíveis para grandes construções.

Os caminhos de acesso aos moinhos das cascatas do Poço Negro eram tratados pelos seus proprietários. A limpeza, manutenção e construção de calçadas facilitava o acesso, até porque o moinho trabalhava dia e noite e, muitas vezes, as mudanças de turno ocorriam a meio da noite e os percursos podiam ser perigosos. Junto aos moinhos do Poço Negro podem observar-se no pavimento os sulcos escavados pelas rodas das carroças que transportavam o cereal e a farinha.

As Cascatas do Poço Negro são uma sucessão de quedas de água situadas na Ribeira do Pêgo. Devido ao elevado declive deste troço da ribeira, foram construídos mais de 60 moinhos cujas ruínas podem ser visitadas neste Monumento Natural Local.

O aproveitamento da energia gerada pelo vento ou pela água como força motriz em moinhos teve durante muito tempo um papel fundamental e estruturante na vida das comunidades rurais. O termo moinho abrange realidades muito diversas que se traduzem não só no tipo de energia utilizada – eólica ou hidráulica - como no modo como essa energia é utilizada, circunstância que se reflete na arquitetura e no regime de propriedade e de utilização adotados.

No Alto Minho, encontramos principalmente moinhos de água, se bem que não possamos esquecer a presença mais pontual dos moinhos de vento, presentes no litoral entre Viana do Castelo e Esposende. Contudo, a elevada precipitação e o relevo acidentado da região criaram condições mais favoráveis para a instalação de moinhos alimentados por cursos de água (Figs. 1 e 2).

Em algumas circunstâncias constituíram-se mesmo pequenas unidades semi-industriais com assumida lógica comercial e uma oferta variada de serviços que ia desde a moagem de cereais, serração de madeiras e maceração do linho, à própria travessia do rio. Isto permitia abrir o mercado à margem oposta, para além de transformar o local num ponto de passagem obrigatória no quotidiano da comunidade, combatendo assim o isolamento das povoações.

O moinho de água ou azenha pode apresentar diversas formas que, todavia, se enquadram em dois grandes tipos: de roda vertical, exterior ao edifício, geralmente situados em zonas de planície, e de roda horizontal ou rodízio, no interior do edifício, sendo preferidos nas zonas de montanha.

As azenhas de roda exterior vertical são edifícios de grandes dimensões em alvenaria que podem ser rebocados e caiados e com telhado de duas águas. Localizam-se nas margens do curso final dos rios de maior caudal, onde o terreno é mais plano. A água do rio é represada por um açude de pedra solta que a armazena e permite a sua condução para uma comporta, que tanto pode ser uma pequena levada como uma simples abertura. Esta última dirige a água de modo a bater nas pás da roda do moinho no ponto que vai obrigar a roda a mover-se e, com ela, todo o mecanismo que transmite essa rotação à mó (Fig. 3).

A levada é um elemento fundamental no funcionamento do moinho: é um canal que desvia a água do seu leito e a conduz até ao moinho, de onde, depois de fazer mover o rodízio, regressa ao seu curso normal ou vai alimentar outros moinhos ou ainda seguir para jusante (Fig. 4).

O processo de moagem é feito pela fricção do cereal em grão entre duas superfícies duras, as mós, que o desfazem e transformam em farinha. O moinho introduz assim neste processo o aproveitamento da energia da água ou do vento em substituição da força muscular, permitindo assim a existência de um movimento giratório contínuo (Fig. 5).

Nas cascatas do Poço Negro, estamos na presença de azenhas de roda horizontal instaladas em pequenos edifícios cobertos por um telhado de uma só água (esq. A). Aqui, a pequena dimensão destas azenhas está muito ligada aos condicionalismos do local onde estão implantadas, que são frequentemente zonas de relevo acentuado nas quais as águas correm em pequenos cursos com grandes desníveis e onde é difícil encontrar terrenos disponíveis para grandes construções.

Os caminhos de acesso aos moinhos das cascatas do Poço Negro eram tratados pelos seus proprietários. A limpeza, manutenção e construção de calçadas facilitava o acesso, até porque o moinho trabalhava dia e noite e, muitas vezes, as mudanças de turno ocorriam a meio da noite e os percursos podiam ser perigosos. Junto aos moinhos do Poço Negro podem observar-se no pavimento os sulcos escavados pelas rodas das carroças que transportavam o cereal e a farinha.

Localização

Areosa

Coordenadas

Lat: 41,7225593

Long: -8,8488853

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